A lenda do ouro escondido: Guatavita na Colômbia

Guatavita entrou em minha "to go list" depois que conheci uma pessoa que morava próximo de lá e que me contou que era um lugar conhecido por aqui e blá blá blá. E um "tic meio toc" que tenho é que, quando alguém me conta sobre um lugar que eu nunca ouvi falar e que fica perto do local em que estou, ou seja, possível de ir, eu quero ir logo. É quase uma patologia que se cura com a visita ao destino. É uma mania boa essa que tenho, não faz mal a ninguém só que o problema de ficar pensando muito em um lugar é a tal danada da senhorita expectativa que aumenta a cada dia e você acaba transformando um monumento qualquer que estava pensando em visitar em uma muralha da China. 

E foi assim que aconteceu a minha visita à Guatavita. Depois de ouvir falar pela primeira vez, não tinha pessoa que cruzasse meu caminho que eu não perguntasse: "já foi à Guatavita ver a lagoa da lenda do dourado? Se a pessoa me respondia que sim, minha angústia piorava por sentir que estava demorando demais em chegar a minha vez de passear por lá e formar minha opinião. 

Ao preparar a jornada, entrei em contato com as várias formas de chegar ao local. Vejam as opções, em resumo para você:

1. Você contrata uma das opções resultantes de pesquisa no "amigo" google. Custa a singela quantia de mais ou menos US$ 150 por pessoa. Esta opção vai te levar até lá em carro particular acompanhada de um guia exclusivo. Te busca em casa e te traz de volta. Se fôssemos eu, filho e marido seriam uns 450 dólares. No way...

PAUSA! Até então eu não tinha perguntado ao husband se ele estava a fim de ir. Então suspendi a diligência e falei com o companheiro que prontamente disse: "nem pensar! não vou nem a pau!" Entonces, amiguitos, segui minha pesquisa para o passeio solitário.

2. Ir de busão, achar um táxi por lá, fazer a caminhada sozinha... não. Esquece, não vai dar certo. Muita aventura pegar um ônibus aqui aonde nem parada com destinos e números do transporte tem. Depois andar no mato só. No.

3. Ir de carro, em um dia de fim de semana, estacionar na porta (grátis) e fazer a excursão guiada pelo guia local, que faz isso todos os fins de semana e sabe mais do que ninguém. Sim, oui, yes, sí! Esta é a melhor opção (para quem tem carro). Além de mais barata, confortável, etc. Só recomendo sair super cedo, com ênfase no mais super possível (antes das 8:30 am pois a saída de Bogotá aos fins de semana é um horror depois das 9 - o trajeto pode demorar entre uma hora e meia até 3 horas dependendo da hora que você saiu de casa).

Escolhida a forma de chegar lá, convidei uma amiga querida e lá fomos nós! 

A visita guiada custa COP 10.000 para colombianos e residentes no país e COP 15.000 para turistas. Dura uma hora e pouco e é tudo muito organizado. O tempo todo tem apoios aonde se segurar, os acessos são com piso de pedra. Mas a caminhada, apesar de curta, é puxada, lembre que você vai estar a mais de 3000 metros de altitude e subindo. Se costuma se cansar subindo a escada do prédio aonde mora, nem tente passear por aqui.

Por que é legal? Para quem visita o museu do Ouro, na cidade de Bogotá, eu vejo como um complemento indispensável pois na lagoa você vai entender bem melhor as historias por trás de tudo que viu no museu. Vai saber, por exemplo, que os indígenas, ao escolherem seu cacique, faziam uma cerimônia na qual jogavam muito ouro dentro desta lagoa, por isso a lenda do dourado. Certas peças no museu são a comprovação de rituais por aqui realizados. 

Também é bem legal saber que já vieram equipes do mundo todo para tentar desvendar como aquela água foi parar por lá. Não se sabe se foi um meteoro, se era um vulcão ou se algum dia o mar era por ali e deixou para trás apenas aquela lagoa, mas a verdade é que o lugar é muito procurado por pessoas do mundo todo para meditar por se acreditar na existência de uma energia especial rondando o lugar. 

Para mim, o que mais me encantou foi a diversidade de flora que encontrei (aposto que já perceberam pela quantidade de fotos de florzinhas que tirei...) Abaixo, uma planta que abastece de água muitas cidades por aqui e que cresce apenas 1 cm ao ano. O exemplar da foto tem em torno de 300 anos. O parque esteve fechado por 5 anos para tentar salvar essa flora tão importante para o país. No Bioparque, que contei no outro dia, também foi tomada a mesma medida, pelas mesmas razões. 

Planta típica dos páramos - esta tem em torno de 300 anos

O que levar: casaco, protetor solar, água, lanche, chapéu. Dinheiro trocado para os pedágios no caminho, que são três. 

Na volta para casa, aproveite para comprar ovos frescos no caminho. Nada como um omelete sem hormônios ao chegar em casa com um fomão da caminhada. 

Veja mais infos Laguna de Guatavita