FAMÍLIAS DESEMPILHADAS: HENRIQUE EM LONDRES, INGLATERRA
Hoje dou início ao projeto que sempre achei imprescindível ter em meu blog: famílias lindas convidadas para relatar suas viagens com seus filhotes. E, para começar, convidei a Dani, uma querida e admirada amiga minha e mãezona super presente na vida do Henrique, que é um menino lindo. Espero que gostem das dicas dela, eu amei! Valeu Dani, Henrique e Rodrigo. Agora vamos viajar um pouquinho com vocês.
Sou a Dani, bióloga, professora universitária. Meu marido Rodrigo é engenheiro em uma empresa cuja sede fica na Inglaterra; moramos em São Paulo. Temos um filhote de 2 anos e meio, o Henrique.
O maridão viaja bastante a trabalho, porém raramente posso ir junto (minhas férias são fixas, escolares...). Mas desta vez deu certo! Surgiu uma reunião na sede próxima a Londres, de 19 a 22 de janeiro. E lá fomos nós passar a semana em família!
E o medo do frio com o pequeno? Milhares de leituras e preparativos depois (eu não sei quanto a vocês, mas eu não consigo viajar “na louca”), lá fomos nós.
A viagem
Fomos de British Airways, muito boa. Cinco dias antes do voo, os lugares são marcados gratuitamente para que a família viaje em assentos juntos. Achei ótimo! Atenciosos com crianças, a refeição delas vem antes para que os pais possam alimentá-los primeiro e depois comer sossegados. Henrique dormiu umas 6-7 horas seguidas no voo noturno, valeu a pena. A volta fizemos de dia, achei muito pior (odiou acordar cedo, deu piti no táxi e entediou muito no voo).
Passamos 9 dias em Londres, hospedados perto da estação Paddington (Hotel Quality Crown Hyde Park). Local tranquilo, com fácil acesso à cidade toda. Recomendo! O hotel era simples, agradável, limpo, com elevador (raro!), e o café da manhã tinha a opção English (linguiça, feijão, ovo...) e a Continental, ainda bem (frutas, leite, cereais, pão). Um detalhe a se prestar atenção.
St James Park |
De forma geral, Londres é muito amigável para crianças. Todo lugar tem trocador para fraldas, as calçadas são muito boas para os carrinhos (que não uso, mas vi muitos), os restaurantes (e até diversos pubs!) aceitam crianças e têm “children’s menus” bem legais. Ao longo da semana Henrique ganhou uns 5 estojinhos de giz de cera e uns 3 balões, hehehe. E as atrações têm muitas gratuidades para os pequenos (com menos de 3 anos, Henrique não pagou nenhum ingresso de atração e nenhum centavo no transporte, mesmo o intermunicipal; conforme a idade começam a cobrar, mas depende de cada atração).
O frio
Tiramos o frio de letra. Quatro necessidades básicas:
1. Roupas térmicas coladas ao corpo (compramos algumas leggings e camisetas de esqui na Decathlon brasileira e mais algumas meias-calças de lã);
2. Uma muda de roupa “normal”: camiseta, calça jeans, blusa de lã ou soft;
3. Casaco adequado (comprei lá, para mim e para Henrique, na japonesa Uniqlo. Parece um edredom mas juro que fica muito confortável e o recheio de penas de ganso isola MESMO o frio). Impermeável, com capuz removível, foi ótimo.
4. Proteger as extremidades: gorro (é fundamental que cubra as orelhas), luva e meia grossa. Cachecol não recomendo para criança pequena, enrosca e atrapalha. Comprei uma bota forrada lá para ele, com medo do tênis ser insuficiente para isolar o frio. Como demos uma sorte maravilhosa e não choveu (!), não foi necessária. Mas recomendo bota ou galocha para chuva e neve, pois se os pés molharem, o conforto térmico acaba.
Com isso, tenho certeza de que os pequenos ficam confortáveis e protegidos, pelo menos na temperatura que pegamos (de 3 graus negativos a 5 positivos). Não vi Henrique com frio em nenhum momento, apesar de ficar sempre bem atenta, pois eles não percebem que estão congelando...
A comida
Claro que nas férias a alimentação não é tão balanceada quanto no conforto do lar. Mas tentamos ao máximo escapar de fast food.
Comemos várias vezes o típico Fish and Chips (peixe frito e batata frita, cortada grossa). Algumas vezes foi a universalmente amada MASSA (até na rede “Pret-a-Manger”, baratinha e onipresente, dá para comer macarrão barato, saboroso e quentinho). Nos pubs, pedimos tortas ou steaks, acompanhados de purê de batata e legumes cozidos. Henrique é bom de garfo, então não tivemos problemas. Caso a criança seja mais seletiva, talvez valha a pena ficar em flat ou alugar apartamento, e garantir uma refeição caseira à noite...
Os sucos industrializados são mil vezes melhores que os nossos – a imensa maioria é suco integral, sem açúcar (principalmente os voltados para crianças, olha só!). Água potável pode ser pedida de graça nos restaurantes (“tap water”).
Quando queríamos ir aos pubs, ligávamos antes e perguntávamos se podia levar criança (nos 2 que ligamos, foi tranquilo). Lá você pede no balcão, paga, leva as bebidas e aguarda o garçom levar a comida na mesa. No “The Swan” de Lancaster Gate o garçom não parava de brincar com o pequeno... Tem uma rede chamada “Slug and Lettuce” que não é bem pub nem restaurante, mas muito boa também! Para as crianças, por 5 libras (e inacreditável 1 libra no domingo!) vem uma saladinha, um prato caprichado, um suco e um sorvete.
Nos restaurantes do famoso Jamie Oliver, as crianças são extremamente bem-vindas! Fomos comemorar o aniversário do marido no “Fifteen” (almoço, com reserva, trataram o Henrique muito bem!). E depois fomos ao “Jamie’s Italian” de Covent Garden (jantar, sem reserva, trataram-no ainda melhor). Deram brinquedo, tem um children’s menu delicioso, com comida de qualidade, nada de nuggets com fritas. O sorvete infantil era de chocolate belga...
Só precisa ficar atento porque os ingleses são muito formigas para doces! Quando vêem uma criança, então, todo mundo do hotel ou dos restaurantes quer dar um chocolate, balinha, pirulito, sobremesa...
O transporte
Compramos um Travelcard para 7 dias que dá direito ao uso livre e ilimitado de ônibus, trem e metrô. Achei fundamental para viajar com criança no inverno, pois cada passagem é cara e ficaríamos “tentados” a caminhar mais para economizar dinheiro, o que no frio pode ser até perigoso para a saúde deles... Então, recomendo o travelcard, pois mesmo que sejam apenas 3 pontos de ônibus ou 2 estações de metrô, você usa sem dó e ganha uns minutos de aquecimento e descanso. Lembrando que crianças não pagam transporte em Londres, então é um gasto só para os adultos.
No começo estava decidida a usar só metrô, pela facilidade do mapa. Mas depois de muita escadaria e da chatice imensa que é passar o cartão na entrada E na saída das estações, carregando o filho no colo para passar na catraca, comecei a simpatizar mais com os ônibus... Compramos numa lojinha, logo no primeiro dia, um chip de celular (SIM card) de uma operadora local (Lebara) que me deu a possibilidade de usar 3G a viagem toda (uns 2GB de dados por 15 libras, bem mais barato do que roaming). Assim, além de garantir a comunicação instantânea com o marido que estava trabalhando, eu usava apps de mapas e de transporte público com muita facilidade para me deslocar na rua.
Um app maravilhoso é o Citymapper, que traça rotas e fala o tempo exato da viagem (a pé, de bus, metrô e táxi, inclusive com preço aproximado), quando chegarão os próximos 3 ônibus, qual ponto você deve descer, tudo perfeito! Com ele peguei muito mais ônibus, fácil e rápido e ainda dá para apreciar a paisagem... Com criança maior teria a atração à parte que é viajar no andar de cima. Adorei!
As atrações
Londres é uma cidade para no mínimo um mês... Tem muitas atrações, muitos bairros legais, mercados, feiras, parques sensacionais, e cada um dos museus tem coisas para vários dias! Mas é claro que dá para ver muita coisa em uma semana.
Tower Bridge Glassway |
Por ser inverno, tentei fazer uma programação em que cada dia tivesse atividades “fechadas” por um bom período, limitando o tempo ao ar livre para não congelarmos. O sol se punha 16:30, o que também diminui os passeios. No primeiro dia não fizemos nenhum passeio programado, só fomos para o centro (Picadilly Circus) e de lá fomos caminhando pelas ruas comerciais (Oxford, Regent), por Covent Garden... Compramos os casacos, buscamos os passes de metrô e o LondonPass. Ou seja, apenas a parte “burocrática” e um reconhecimento do local. Segue abaixo a nossa “agenda” dos outros 7 dias (sendo que do segundo dia ao quinto dia, o marido trabalhou).
Almoço especial de aniversário
London Eye
Aquarium
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British Museum
Westminster Abbey
St James’s Park
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Natural History Museum
Playground Princess Diana
Kensington Palace
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Windsor Castle (ver a troca da guarda)
Hamley’s (loja de brinquedos)
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Tower Bridge
Tower of London
Citycruises (barco no Tâmisa)
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Zoo
Abbey Road
Baker Street (Beatles Store)
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Science Museum
Hyde Park
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A cada dia acordávamos umas 8:30 ou 9:00, tomávamos café da manhã, íamos às atrações listadas, voltávamos para o hotel no pôr-do-sol (16:30!) e saíamos de novo à noite só para jantar, geralmente perto do hotel. Mais atividades do que isso eu acho que seria bem desgastante. Já cansou bastante, principalmente porque umas 16:00 o Henrique desmaiava de cansaço e eu tinha que carregá-lo até um lugar fechado ou, caso não fosse possível, pegar o transporte e ir para o hotel com os 14kg no colo (mais as comprinhas, a mochila, os balões que ele ganhava...). Carrinho teria sido útil para isso, mas como eu acho um trambolho, não uso.
As atrações se dividem em: totalmente gratuitas e absolutamente caríssimas! Uma voltinha na roda-gigante London Eye sai por umas 30 libras por adulto, mas eu achei imperdível, e o pequeno também - queria ir de novo toda vez que avistávamos a onipresente roda à margem do rio... Por outro lado, os museus e parques são gratuitos e maravilhosos... Para a maioria das outras atrações, inclusive o Castelo de Windsor e o cruzeiro no Tâmisa, vale o LondonPass (http://www.londonpass.com/- mas precisa fazer as contas previamente para saber se vale a pena comprá-lo e por quantos dias).
Falando em Windsor: quem for ficar menos de uma semana eu não aconselharia a “gastar” quase um dia no passeio, afinal tem o deslocamento de trem e tudo. Mas para nós valeu muito a pena! Você entra no site (http://www.changing-the-guard.com/windsor-castle-guard-change.html), confere as datas e se programa para chegar antes das 11:00 dentro do castelo. Aí você aprecia a cerimônia de troca da Guarda Real, igualzinha à de Buckingham, com banda e tudo – sem a muvuca! Chegamos com uns 5 minutos de antecedência, Henrique assistiu encostado na grade e eu de pé atrás dele, sem ninguém atrás de mim e nenhum empurrão, como seria comum em Londres. O menino ficou fascinado pelos “soldadinhos de chumbo”, assiste os vídeos que fiz dezenas de vezes, imita a marcha e tudo. Achei muito emocionante! O castelo em si tem poucas áreas de visita (afinal, a rainha mora lá alguns dias), mas valeu só pela cerimônia.
Como disse acima, os parques são lindos. No inverno não dá para ficar muito tempo ao ar livre, mas ficava quase todo dia por 1 hora, 1 hora e meia em algum parque. Tem muitos patos, gansos, pombos e os fofíssimos e abusados esquilos – Henrique adorou alimentá-los.
Em um resumo retrospectivo, eu diria que as atrações favoritas de Henrique foram:
1. London Eye.
2. Natural History Museum (dinossaaaaauros, inclusive um T-Rex robótico, com movimento e som “reais”, que ele amou!).
3. Playground Princess Diana (e seu barco pirata lindíssimo). Ficou até o sol se pôr e o parque fechar...
Playground Princess Diana |
4. Troca da Guarda (em Windsor foi VIP, mas se não tivesse ido para lá eu o levaria em Buckingham mesmo).
"os soldadinhos de chumbo" |
5. Science Museum (a área “The Garden” é voltada para os pequeninos, tem um monte de jogos interativos; ele amou um com água e barquinhos, torneiras, comportas etc). Ele ficaria horas lá.
As que agradaram menos, por serem mais de adulto mesmo, foram a Westminster Abbey e a Tower of London (mas eu precisava conhecer, então...).
Com vontade de viajar com filhotes pequenos? A Tati já deu muitas e muitas dicas, e esta é minha humilde contribuição para que você dê asas a essa vontade. É possível, é inesquecível e é UMA DELÍCIA... Sabe aquele olhar que só eles têm, de encanto e fascínio quando enxergam novidades? Na viagem esse olhar aparece quase o tempo todo, você praticamente vê os olhos deles absorvendo o mundo... Muito emocionante.
Obrigada pelo convite, querida Tati, foi muito bom colocar estas memórias em palavras.
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