FILHOTES VIAJANTES, AMIZADE ENTRE CACHORRO E FILHOS, A ESTRÉIA
Quando engravidei, ouvi e li muitas dicas sobre como fazer com que meu cachorro pelo menos tratasse bem o novo integrante de nossa casa, o baby pitoquinho.
Seguimos algumas indicações que pareceram boas, mas que hoje percebo que seriam todas muito inúteis se o meu cachorro não tivesse índole para a bondade. Eu até tratei o pobre cão com um pouquinho menos de afeto durante a gravidez para que ele se acostumasse a dividir carinhos com o bebê que estava por vir (umas das dicas recebidas...).
Bom, chegando em casa pós nascimento (sem o filhote de duas patinhas no colo, pois esta foi outra dica para não causar ciúmes) percebi que o Caco - o cão, não teria menos carinho a partir daquele momento, mas teria quase nenhum carinho, pois o bebê nos toma 110% do tempo.
Mesmo assim, Caco me avisava (e avisa até hoje) quando o Luiz Felipe está mal. Eu já sei que, se o Caco não fica em pânico quando o pitoquinho chora é porque o sofrimento não é tão insuportável. Quando o Caco seguia dormindo durante o berreiro inconsolável do baby, percebia que era carência de afagos e que uma brincadeira ou um carinho já resolvia o problema do meu amortizo.
Agora, três anos e meio passados desde aquela primeira confluência, Luiz Felipe e Caco se tornaram mais do que dois integrantes da família, mas passaram a ser amigos. O Caco "treinou" o baby desde muito cedo a dividir sua comida (pedindo com latidos insistentes o que quer que fosse que o pitoco estivesse comendo), ensinou que nem sempre a outra "pessoa" quer brincar (Caco já é idoso e nem sempre está a fim de correr, pular e ter o rabo puxado), ensinou que gritar não é legal (quando Caco late o nosso pequeno aprendiz diz: "quieto Caco, não grita"), Caco prepara o pitoco para o diferente, para entender que nem sempre um amigo precisa ser igual para ser legal, que nem sempre o nosso amigo está de bom humor, mas segue sendo nosso companheiro ali deitadinho, curtindo um silêncio juntos.
Quando viajamos, telefonamos todos os dias para o hotel em que o Caquinho fica, pois nem sempre o filhinho de patas é bem vindo em nossas andanças por aí, e o pitoco quer sempre saber quando verá o pequeno amigo. Quando chegamos da última viagem, Caco se desesperou ao não ver o pitoquinho esperando para pular em cima dele, Caquinho só se acalmou quando viu o babylhão dormindo em sua cama.
Ver os dois nos ensina que a arte de fazer amigos é baseada na paciência, considerando que verdadeiramente conhecer alguém leva tempo. Porém, com enormes doses de respeito mútuo, esta "coisa" chamada amizade pode chegar longe.
Ficamos felizes de ver que o pequenino, com a ajuda pouco silenciosa mas muito pacienciosa do Caco, percebe que há outros seres no mundo e que esses "outros" também têm necessidades.
Com todas as dificuldades que acompanham a responsabilidade de se ter um cãozinho, concluímos que ainda bem que o temos...
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